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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Complexo de Humanidade 

Sofremos todos do complexo do ser humano, do complexo que tem absolutamente que vir com o se ser humano. Da posição hierárquica no reino animal que nos doutrinamos, como reis e senhores da natureza e a inevitável transposição para a disputa dentro da nossa raça. Os animais disputam a sobrevivência entre si e até com outras espécies, chegando ao ponto de matar qualquer outra, se oportunidade tiverem para isso. Crias, doentes e deficientes são abatidas por igual. É inegável que a raça humana faz isso a todas as espécies, mas ao contrário dos restantes, o nosso assassinato é censurável pois podemos escolher ceder ou não ceder ao medo de sermos extintos, não como raça, mas como individuos, pois em última análise é assim que nos movemos. A responsabilização que advém do acto racional do seguir ou parar é um fardo que carregamos com orgulho, pois somos os únicos capazes, os únicos dignos a sermos julgados não pelos nossos actos, mas pelas nossas intenções e motivações por detrás do acto. A dos animais é clara. Medo e sobrevivência. Mas fantasiamos que a nossa será mais elaborada, mais divina e meditada. A razoabilidade sobre todas as outras características de humano-animal, quando no fundo sabemos que as nossas capacidades cognitivas ao invés de dominar as facetas primitivas, são somente um aspecto extra que nelas se insere. E que somos animais. E que temos medo e agimos de acordo, talvez de maneiras mais elaboradas, mas sempre com o objectivo primário de eliminar a fonte de pressão, pela fuga ou pelo ataque. Este estigma de superioridade é encontrado frequentemente naqueles que se sentem mais ameaçados pelo meio. Que têm mais necessidade de controlar o seu meio para que lhe sobrevivam. O ser humano é um animal extremamente frágil. Temos pele fraca, fraca dentição, não temos garras cortantes, não temos arma senão o intelecto, e fazemos dele o nosso troféu, depositamos nele a fonte de toda a alegria e distinção hierárquica. E com ele construimos civilizações e espalhamos a argúcia e escravizamos os animais e os abatemos mesmo quando não nos representam perigo nem temos tão pouco fome ou frio. Porque estamos constantemente cientes da nossa pequenez efectiva e temos medo. Medo do ambiente. Medo daqueles com que não conseguiriamos corromper para comprar a nossa vida. Animais selvagens não argumentativos. Que o nosso atributo, não instrumentalizado em madeira, metal ou pedra, se revela inútil e um sonho quando confrontado.


Poster da People for the Ethical Treatment of Animals (PETA)

De tudo quanto fingimos controlar, fingimos não ter medo.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Segurem-se bem... 

No rescaldo das eleições de ontem, disponho a chutar todo o tomate e a torcer todo o mamilo de quem (homem e mulher respectivamente) votou no Cavaco Silva para Presidente da República (!). Não só porque é engraçado de uma maneira bastante sádica, mas porque aparentemente punir o masoquismo não se qualifica como punição, mas antes como um regalo. Sim, um regalo. Habituem-se a usar expressões espanholas, porque se eles antes galopavam por aí feitos senhores da terra, com Cavaco na presidência seremos El Portugalete. O homem até espanhol parece..
Nem tudo foram desgraças, o Mário Soares, contrariamente às piores expectativas não se saiu muito mal dos resultados e não é provável que chegue a precisar do quarto de hospital que reservaram para si. Ah leão!
O poeta Manuel Alegre morreu na praia, mas parece que se recusa a ser enterrado, embora já se tenham visto lacaios do PS com pás e cal atrás dele, a ver se limitam os danos da sua dissidência a estas eleições e não o têm a candidatar-se a uma das capitais nas longínquas autárquicas. Terá sempre o meu voto.
Jerónimo de Sousa ganhou a presidência da recém-formada nação de Beja, o que para o PCP me soa a vitória nostálgica. Ainda ouço a Odete Santos a gritar que o Alentejo (uma parte) seria deles novamente, e aí está que o povo lhe concretizou esse desejo. Quem negaria o que fosse a uma senhora destas?
Garcia Pereira lá conseguiu aparecer outra vez na televisão, infelizmente ficou a perder por cerca de 20 mil eleitores na disputa contra quem decidiu votar em branco.
Francisco Louçã tá-se pouco borrifando para o resultado pois tem conto de porro que comprou com o resto do dinheiro da campanha do Bloque de Escarda.
Eu não votei porque não mudei de área de recenseamento a tempo depois de ter mudado a morada no BI <--- burro de merda.
Pouco depois de saber os resultados das eleições o quadro de electricidade aqui de casa disparou, o que eu, português, considerei um mau augúrio... mas afinal sempre se tinha pago a luz e os apontamentos até ficaram guardados.
À polémica do corte de palavra a Jerónimo de Sousa, chamo rabinhos assados e falta de sono, porque barriguinha cheia tinha eles depois de ter ganho vantagem sobre os novos comunistas do quarteirão.
E agora são 5 anos do mesmo. Segurem-se.

domingo, janeiro 22, 2006

Presidenciais 2006 

O resultado de hoje é de causas simples:
- Identificação com o agressor.
- Síndrome de Estocolmo.
- Tendências sado-masoquistas.
- Saudosismo crónico e compulsivo.
- Ideação suicida.
- Personalidade depressígena.
- Personalidade dependente e auto-destrutiva.

Já era altura de voltar a ver cartazes a dizer "Não lhes dês Cavaco".
Não dês mesmo nada... excita-los tanto.

sábado, janeiro 21, 2006

Preocupa-te Contigo... 

O meio para onde nasce uma pessoa é um facto que serve de desculpa para muitas atitudes que ao invés de condenável, parece que vitimizam o sujeito.
Benvindos ao mais recente episódio de: nós somos diferentes do animais.
O crédito feito a todas as pessoas de que nascemos com o bem dentro de nós atribui a todo o ser humano a figura do vasinho perfeito que só se quebra por intervenção de outros. Esta é a versão politicamente correcta de flagelos sociais, fracassos de responsabilidade da comunidade a que pertence. Uma avaliação comportamentalista que observa uma das causas e a torna deterministica porque surge como a mais evidente. Aparentemente só a conduta sociavelmente aceitável é fruto da razão do individuo sobre o meio, na medida em que é pensada correctamente, enquanto que as actividades criminais são associadas a causas ambientais e desculpadas, pois todos nos sentimos culpados por a sociedade estar no que está. E se calhar havia mais que podia ser feito para que este vaso perfeito não tombasse... poesia. Reformulação. Formação criativa. Facto é que quando o equilibrio do civismo (termo prosaico também) é quebrado e somos confrontados com agentes agressivos e demais injustos, sentimo-nos indefesos, incapazes de controlar o nosso ambiente, desligar aquela ameaça, retornar a um ambiente seguro contornando a situação de stress. Então culpamo-nos... fomos por aquele caminho... tomamos parte na ostracização daquela pessoa... fomos responsáveis conscientes, agentes activos e decisivos. Retomamos controlo, explicando o inexplicável, justificando o injustificável e escusando o criminoso. Ofendemo-lo. Quem nós?! Pois claro.. chama-lo vítima como se fosse um animal sem razão que lhe permitisse o bem e o certo, fora do domínio da nossa ordem, um fracasso da nossa intervenção, um dado que não foi jogado, um fantoche sem boca para sorrir ou falar sem a mestria do seu controlador.
Nem toda a gente que cresce em bairros sociais se torna um vândalo, nem todos os meninos e meninas "bem" são imaculados. O meio não é determinístico. O meio é uma encruzilhada precoce. A nossa percepção da influência de um meio nas pessoas. O medo que sentimos. As escolhas que tragamos sobre pressão. Isto determina quem somos e quem fomos. A vida não é uma encruzilhada. Quem seremos, apesar de nós (passado e presente) depende de tudo... do animal e do nome, do meio e do medo, das escolhas, das esquerdas e direitas, do escolher ou não escolher e porque não! Do votar ou não votar! Não pelo resultado.. os candidatos são o produto mais inútil das votações..

Deambulações em tempo de Frequências 

Factos engraçados acerca de um dos maiores ícones espanhóis, uma bandeira da cultura de nuestros (não sei de quem) hermanos.
* Salvador Dali atava frequentemente um pedaço de pão à cabeça, frequentemente quando levava o seu lince a passear.
* Quando estava na casa dos 50's tornou-se obsecado com uma menina pré-adolescente chamada Mia Farrow.
* Dali e a sua esposa Gala costumavam gabar-se de tomar custódia temporária de crianças de um orfanato, para que pudessem trancá-las num quarto e espancá-las sem piedade.
* Dali fez um instrumento parecido com um piano feito de gatos. Quando se carregava numa tecla, um peso caía na cauda do gato correspondente, forçando-o a gritar.
* Salvador Dali produzia arte contrafeita que vendia a preços exorbitantes.


Self Portrait - Salvador Dali

Este é um excerto de um texto que li aqui (desculpem ir assim e não cm link)
http://www.i-am-bored.com/bored_link.cfm?link_id=15259
Onde também descobri que tanto a Samantha Fox como a moça que fez de filha no Different Strokes fizeram pornografia... :| Abram-se olhos..

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Civilizados demais para uma Revolução 

A Human Rights Watch sancionou os EUA pelos seus actos aquando da liberação (ocupação) do Iraque. O mesmo fez a Amnistia Internacional, Greenpeace e mil e um outros organismos e instituições por esse mundo fora. E como resultado, a política americana mudou... nada.
Os trabalhadores portugueses na figura dos seus competentes (chulistas) sindicatos apresentaram no último ano mais protestos (dias de folga) que em qualquer outro ano depois do 25 de abril de '74, e felizmente teve o efeito... nulo.
Os agricultores portugueses protestaram a introdução de produtos espanhóis no mercado português, que pelo seu baixo preço (porra de qualidade) violam a lei de livre concorrência, uma vez que eliminariam a margem de lucro (miséria) dos exploradores portugueses. Os patrões nacionais da indústria de retalho, levando isto em atenção, fizeram de facto mudanças e introduziram no mercado produtos que passam por portugueses com igual qualidade (vómito) mas que são na realidade espanhóis com camisolas da selecção nacional (made in taiwan).
Estes e muitos mais episódios me fazem pensar...
Tempos houve em que os protestos levavam a algum sítio porque os detentores do poder advogado pelo povo, temiam a sua reacção às medidas aplicadas (impostas) quer fosse pela força pura e avassaladora das massas ou alguma revolução que destruisse o sistema que tanto trabalharam para sustentar (outros chulos). Mas o capitalismo matou os revolucionários. Bem... não os matou, mas reduziu-os a números tão insignificantes, que descredibiliza-los é tarefa entregue a recém-licenciados (carne para canhão) cheios de vontade (tesão de mijo) para fazerem diferença (conta bancária) na sua área de eleição.
Causar ondas é falta de chá. Um retrocesso do civismo, associado a minorias, que embora em voga, continuam a ser esbofeteadas a medo (morangos com açucar). E não há líderes fortes para oferecerem uma alternativa. Todos os jovens e insatisfeitos demais se levantaram para ver quem lá vinha desse novo partido bloco de esquerda, mas depois de muita promessa, tomaram o seu lugar na assembleia da república (chupistas) e quando falam agora, falam já sem a credibilidade de outros tempos.
Fomos mordidos pelo bicho do sono, herança da desilusão que foram os anos 60, quando todos os hippies se tornaram yuppies, chegando finalmente à conclusão que se precisavam de dinheiro, tinham de baixar as calcinhas como todo o resto. Depois de ver tudo isto, fiel amigo caindo um sobre o próximo até os ver a correr contra o outro pelo melhor emprego e o próximo isco capitalista que tinham absolutamente de morder. Foi esta geração que nos criou. Conformados e integrados. Tentando evitar o desperdicio do nosso tempo, uma vez que a conclusão seria sempre a escravatura, e essa constatação faria de nós os fracos que eles se sentem. Fracos demais para gritar e fincar o pé. Mas mesmo educados para isso, a semente de revolução perdurou. Não contra o sistema, mas contra a educação. Não porque sabiamos do acordo de silêncio, mas porque nos agarraram na altura de nos largar para o mundo. Com medo, incitando-nos ao medo. Por isso quando nos revoltamos, dirigimo-nos aos agentes do sistema e fazemos aí o nosso luto, porque lhes devemos tudo quanto temos e somos. Estafados, já não temos ânimo para nos erguemos, consequentes, contra os homens do leme.

domingo, janeiro 15, 2006

Bichos 

Dada a avançada idade industrial, os adolescentes que antes eram lançados para o matrimónio e para a terra são hoje lançados para os estudos e para sonhos herdados.
Em cada ambiente, o ser humano está desenhado para se deprimir. Isto activa a ambição dentro de cada pessoa para sobreviver e se adaptar, tomar novas formas, educar-se, progredir. Mas dentro de cada um desses meios está um factor comum: o medo da solidão.
O homem é de facto uma ilha, quanto a mim, pois embora se relacione com outras, é de sua escolha abrir ou não o canal à comunicação e mais importante talvez, ter alguém do outro lado quando precisa. E esse alguém nem sempre comunicará connosco.
Porquê?
Porque somos chatos. Sim, uns mais que outros. Mas todos somos.
Como lidar com uma pessoa que deseja duas coisas contrárias? Varia entre as duas constantemente, apesar das nossas insistências. Por um lado quero abrir-me, por outro quero salvaguardar-me e ter segredos.
Só mesmo porque nos identificamos com esta característica irritante é que conseguimos lidar uns com os outros, visto assim, manter uma relação gasta ainda mais energia.
Regrido aos tempos de adolescentes, em particular ao final de cada período onde a estratégia de estudo é julgada friamente por números do domínio público.
É feito um compromisso entre os que exigem e os que devem cumprir, que culmina aqui na estatística, que resume centenas de factores em sim ou não às expectativas de um e de outro lado do espectro (pais e filhos). Se não... há um colocar em causa das capacidade intelectuais, que é o bode espiatório de algo mais grave como a incapacidade de organizar o estudo e ter um método de estudo, disciplina esta que não é ensinada na escola, curiosamente. E neste caso, sentem os filhos que falharam o seu acordo, mostrando-o de diversas maneiras e são repreendidos pelos pais e pelo super-ego (representante na sua ausência), é neste momento que o indivíduo se vira sobre si e a não ser que desenvolva múltiplas personalidades, descobre que lidar com uma pessoa 24 horas de cada dia que ainda por cima não compreende é pior do que lidar com um pai que vê o seu sonho de redenção esfumar-se. Sente-se sozinho.
Quer partilhar. Mas não quer dar parte de fraco. Mas quer que o compreendam. Mas quer compreender primeiro. Mas quer conhecer-se para poder comparar. Mas não se quer descobrir porque não é perfeito. Mas tem de se relacionar. Mas não se quer magoar.
Não é todo o adolescente que compreende o futuro, o seu presente toma-lhe demasiado tempo. Demasiado tempo desperdiçado numa teorização do que será isto do "si". Demasiada pressa para descobrir, quando é uma actividade que demora uma vida inteira. E ainda assim é feita de compromissos e conformismo. Por isso é que acalmamos... conformamo-nos a esperar por pistas e dicas para os nossos mistérios e com um pouco de sorte compreender desta maneira todo o resto. Interpretá-los melhor. Aproxima-los de nós para que estejamos cada vez menos sozinhos. Porque quando ficamos sozinhos...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Rolando Lage Abaixo 

Admiro George Bush por vir afirmar para a televisão que enquanto o Irão perseguir a intenção de explorar a energia nuclear, ao invés de continuar a queimar combustível fóssil e lixar de vez o ambiente como bons rapazinhos, então medidas terão de ser tomadas. Sem especificar quais seriam essas medidas é capaz de ter sido um passo inteligente (benze-te) por parte do presidente norte-americano, uma vez que, se confrontado com o líder da autoridade iraniana (outro idiota) mal saberia o que lhe fazer. Pois se sempre é verdade que há daqueles que usam da violência para justificar a falta de capacidades de diálogo e raciocinio persuasivo, Bush ver-se-á incapaz de agir por si, uma vez que fez a faculdade a chuto e quando esteve na guarda nacional andava a "entrevistar" candidatas a sua esposa. Não é uma má maneira de viver. Mas se calhar também não é de todo desengraçado um macaco com um revólver carregado, isto pelo menos até ao primeiro disparo. O Bush já o deu, o certo é que a maioria dos americanos parece ter delirado e ainda bate palminhas no centro e sul daquele país, famoso pelo seu bom senso.
Os EUA não têm tomates. Isto explica porque é que eles sentem a necessidade constante de nos tentar foder a todos ou tentar convencer de que eles são a nata e nós a trampa. Não têm tomates, pobres diabos. Muito se fala da coragem dos soldados americanos e da prevalência do espírito americano, mas a última vez que travaram uma batalha no seu território remonta à guerra civil do século 19! Partir para a pancada em casa dos outros é óptimo, porque no final limpam eles os cacos e os americanos voltam para casa limpinhos, salvo a carne para canhão que fica com as marcas e paga o preço de viver num país que tem por presidente um homem que durante a guerra do vietnam andava a tentar fazer amor, fugindo à morte e agora se assume como o comandante supremo dos soldadinhos de chumbo.
Tudo parece distante. A verdade é que nós os pobres pagamos a factura da decisão assente em pressupostos forjados, quando compramos comida ou metemos gasolina no carro ou temos de fazer contas para ver se dá para ir de férias pra merda do algarve.
O regime da Coreia do Norte já é uma potência nuclear. Querem lá ver que o Bush lhes levanta a mãozinha? Querem lá ver o Bush a invadir o Irão?

Herança 

Esta campanha presidencial remete-me logo para o sketch do gato fedorento onde um politico é acusado de ter usado um argumento durante um debate da especialidade.
A proporção de troca de ideias e projectos para a tonelagem de areia que é lançada para os olhos uns dos outros é espantosa. Ou nem por isso. Importamos finalmente o modelo americano de campanha, onde se alimenta a "comadrice" dentro de cada português, desviando os olhos das reais funções de um presidente e a aptidão de cada candidato teria para ocupar esse lugar. Enfim... coisinhas processuais como o mérito e a capacidade e o homem certo para o lugar certo e não sei quê mais.
No entanto, ressalvo aqui os candidatos mais chegados à ponta esquerda, porque esses, pobrezinhos, sempre atacaram toda a gente e são pioneiros neste estilo de campanha da difamação (ou exposição de verdades) mas por necessidade, tal como o pobre que rouba num mercado para ter comida para a boca. Se não fizerem barulho ninguém dá por eles e ainda alguém os pisa por engano...
Já os principais candidatos, diria crónicos, Soares e Cavaco, chegam ao final da vida sem saber muito bem o que fazer para merecer uma posição numa instituição, já que passaram uma vida inteira com empregos atribuidos por cunha e reputações de famílias "bem", com alguns beijos e abraços de campanha, que a mim me dão vontade de rir, pouco antes de me dar vontade de partir qualquer coisa.
Estes candidatos a representantes de um povo essencialmente pobre, não são representativos do povo que representam. E o povo essencialmente pobre, junta pobreza de espírito à decisão de voto, remetendo a justificação erudita "sempre votei cavaco ou soares" na altura de atribuição de culpas. Comam a sopinha que quando acabar o gosto passa.
Fica tudo muito admirado porque o Cavaco não faz campanha que se veja e não fala o suficiente. Para quê? Porque há-de o homem gastar o seu latim quando o Soares anda por todo o lado a fazer campanha para ele? Para quê destacar os erros da politica do PS, destacando com isto a ineficácia do modelo socialista à conjuntura económica actual, se temos 2 candidatos PS que nos garantem que o partido é incoeso e não merece portanto um dos seus a governar o país? Porquê mencionar a revolução que seria se Louçã ou Jerónimo de Sousa chegassem ao poder se ninguém lhes liga pevide? Porquê destacar que o outro candidato que aparece nas sondagens perdeu eleições para a presidência do Benfica se ninguém se lembra do nome dele? Se pode aproveitar para passear Portugal fora às costas dos apoiantes saudosos dos tempos do salazarismo... ups... cavaquismo e as maravilhas para a moral dos então medrosos social-democratas?
Se este homem que manda a polícia de choque para violar o direito à manifestação, ganha eleições... bom... temos mais 20 anos pela frente sem que ninguém dê conta que não percebemos nada disto.
E depois temos um candidato poeta...

domingo, janeiro 08, 2006

Isto tá cada vez pior 

Vários anos depois de me ter apercebido dos porquês para as queixas da população portuguesa, deveria ter chegado à conclusão de que a vida, nunca tendo sido fácil, está numa rota exponencial que parece ir a terminar numa explosão. É ciclico sugeriu-me o Pedro, o homem das relações de poder, que todo o movimento social é dinâmico, instável e se movimenta numa espiral para o centro, onde tudo termina para depois retomar uma posição tão-distante do centro quanto a potência dessa explosão. Destinado a explodir de novo. Um big bang reciclável. Quase todos os pedaços de civilização se desagregam.
Parecia tender para aí.
Talvez esteja a ser lenta demais para mim, mas começo a pensar numa alternativa.
O pessimismo, relativo à condição económica, ao suposto declíneo (em oposição ao termo evolução) das culturas, dos costumes, das relações sociais, é diferente de outros que conduziam agarrando brutalmente o pulso social para uma revolução. Não interessa se tinha pés nem cabeça, se considerava o periodo pós-revolucionário, bla bla bla. Interessa sim que não parecemos aproximar-nos do centro da espiral. Parece que a espiral foi dobrada num aro, e que realmente andamos às voltas. Resultado temos na constante insatisfação (velho conhecido) mas na forma de uma inércia que tresanda a conformismo.
A insatisfação social critica o poderio dos desaventurados sobre os pobres, mas fomenta-o, porque na realidade não é de interesse de nenhuma das partes que as coisas mudem. E eu culpo a esperança. Eu culpo o derrotismo. Eu culpo o dia-a-dia e a televisão por tornar a miséria um lugar comum e não combustível para uma revolução, eu culpo as novelas que depictam a sociedade portuguesa e brasileira como média-alta e alta quando andamos todos de tanga (no mau sentido). Porque tudo nos dá esperança... e nos vai adormecendo, rapidamente, resmungantes mas parados. Morbidamente serenos. E... confiantes... raios parta... confiantes de que apostar no euro-milhões há-de dar resultado... de que qualquer dia nos acontece qualquer coisa boa. Senão teriamos de nos revoltar ou dar um tiro na cabeça. E tudo isto dá trabalho. E tudo isto seria a derrota do civismo, esse mesmo que nos derrota e coloca no lugar enquanto nos delicia com cheiros, fotografias e sonhos de fortuna.
Esperança é perigosa quando nos relaxa.
Se não tão para se mexer, calem-se!

sábado, janeiro 07, 2006

Ou não.. 

Para nós que nos sentimos obrigados a ajudar meio mundo que achemos perdido, há um triste futuro que nos olha pelas costas. Para todos aqueles que se desviam para ajudar o próximo está um desejo cravado na nossa pele de recebermos de volta o que disponibilizamos, que nunca é satisfeito. Confundimo-lo com boa vontade, mas a verdade é que esperamos algo de volta.
Este mundo está perdido. Tá nada... vais mas é dormir!

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