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quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Teoria da Violência Doméstica 

Violência.
Tratarei da violência numa esfera menor como a violência doméstica. Por muito que berrem as suas atrocidades, ainda têm de ser descriminadas muitas violências por aí antes de chegarmos à profundidade da doméstica.
Na sua origem temos a frustração (incapacidade de ultrapassar a incapacidade de ultrapassar um obstáculo) que pode ser auto-infligida ou infligida por outros, há de tudo. Há uns que se picam mais fácilmente que outros. Há quem nem se pique por pouco, e há quem se pique por porcarias. Até agora tudo "bem".
Peguei na violência doméstica como um exemplo. A frustração é a responsável pelo rompimento de todas as relações, seja porque a outra pessoa é violenta, uma besta, uma idiota ou simplesmente não está ao pé de nós.
Imaginemos o caso do marido violento, vem para casa, manda vir com a burra de carga e bate-lhe antes de saír para o café. Ora... o que mais atormenta a mulher não serão as feridas infligidas, mas a sua incapacidade física e psíquica de retaliar. Esta poderia muito bem impôr um respeito ao Romeu que o faria pensar duas vezes antes de lhe levantar sequer a voz. É a assumpção dessa incapacidade que frustra a mulher de tal maneira, que se fecha sobre si, e por sua vez, volta a frustrar um já frustrado marido, que não sente da sua companheira uma reciprocidade de sentimentos, seja raiva seja amor, e finalmente, chega o fim da relação. Os dois associam-se mutuamente à angústia provocada pela frustração e afastam-se.
A sublimação da violência por parte da mulher é, portanto, talvez incrivelmente, a causa dos divórcios.
O principio da retribuição exigia que qualquer agressão física ou psíquica fosse igualada para que o equilibrio, essencial ao amor fosse atingido ou mantido.
Sejamos honestos ao ponto de admitir que se alguns maridos começassem a levar de volta, as agressões eram mais meditadas.
Se os impulsos forem negados, no entanto, a frustração surge de qualquer maneira no marido e embora não a transmita violentamente para a mulher, a sua apaticidade acabará por a frustrar de qualquer maneira e a relação termina na mesma.
Terminar de vez com a violência é portanto um processo mais complicado do que pregam os pacifistas. Trata-se da negação de um impulso, uma réstia de instinto animal da qual não nos conseguimos separar. Nem devemos, como se vê, visto que a fuga ao que somos, nos frustra. Bons ou maus, não queremos restricções ao nosso comportamento.
Pois bem...
Se a violência doméstica fosse repartida entre homem e mulher ao mínimo sinal de descontentamento, não falo solemente em violência física, mas em violência tão simples quanto retratar o seu dia de forma crua, as suas vontades mais reprimíveis, a fonte de todo o descontentamento que com ele traz para casa. Se fosse dado a conhecer à mulher o porquê da sua insatisfação através de uma série de berros e palavras tortas, a pressão e a tensão desvaneceriam.
Se institucionalizada a expressão livre de frustrações, os problemas entre casais nunca escalariam sequer à violência.
A violência portanto, luta-se com alguma violência.
O não lidar com as evidências, é como encher um balão sem nunca libertar ar.
A evidência é que, apesar de racionalizarmos, as nossas emoções controladas não podem ser controladas a toda a altura, nem o devem ser. Correndo o risco do produto acumulado dos nossos problemas, se condensar num só momento fulminante. Quer consista da quebra da relação, quer de uma libertação momentânea de toda a raiva violenta dentro de nós.
Sem manifestações vulcânicas de fogo e fumo, o planeta explodiria.
Ventilar a mínima frustração, não negá-la, é o fim último desta teoria.
É o acumular de motivos que leva à maioria das guerras (não Bush, não a tua) e promovendo a escolha, não só a compaixão, nem só a violência, amenizaria os atritos entre as pessoas e nações.
Não digo que se negoceie sempre violência com violência no caso doméstico. A escolha também recai sobre se a relação merece o incómodo ou não. Há frustrações que nem a violência entende.



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