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terça-feira, novembro 30, 2004

Party Time 

Todos os anos pela mesma data, uma série de pessoas relativamente ausentes colocam-nos no centro do mundo por umas horas para celebrar o aniversário de um feito de que não fomos os autores. Não é que não nos liguem durante todo o ano, mas não há como negar que todos aqueles olhos em nós, longe de habituais, chegam a ser intimidantes.
Passado pouco tempo de sermos sujeitos a esta "barragem" de atenção, começamos a pensar se realmente terá sido boa ideia permitir a comemoração. Afinal de contas, se alguém a pode impedir, é quem dela usufrui. Mas engana-se quem pensa que os aniversários contemplam solemente o aniversariante. Trata-se apenas de mais uma oportunidade de confraternização com o alvo principal, e com toda a restante artilharia. É uma festa! Ele por acaso faz anos. Estamos todos a divertirmo-nos imenso! Ele nasceu há uns anos a esta parte, é o maior, foi ele que marcou a festa.
Marcou a festa. Qualquer um que tome em si a tarefa de marcar uma festa é digno de atenção. E porque não? E porquê uma desculpa para uma festa?
Porquê a necessidade de um aniversário de namorados para uma tarde romântica num sítio diferente? A necessidade de uma justificação pressupõe uma relutância ou impossibilidade. Será que todos os restantes dias àparte da data de aniversário não dão jeito a NENHUM dos convidados?
Não quero pensar que precisamos de uma desculpa para fazer uma festa. Dass...

sexta-feira, novembro 19, 2004

Realidade e Certezas? 

Se a percepção do mundo é fruto das interpretações da mente sobre os estímulos, que nos garante a nós que tudo o que se passou antes de começarmos a contar o tempo, se passou realmente? Não temos senão relatos de outras entidades às quais não estamos ligados espiritualmente, para nos garantirem que tudo se passou, que tempo houve, que havia mundo antes de nós. Pensar nisto é uma manifestação de um ego inflamado, é certo, mas sinceramente, não há como ter a certeza absoluta de nada. Todo o passado é uma estória, história pode não ter existido. Como saber se as pessoas que a relatam nasceram de verdade? Como saber se as que nasceram há um mês nasceram de facto e não surgiram do nada, como imaginação fugidia?
Certezas há. Mas só após as apreendermos. Até lá tudo é incerto. Tudo carece de existência. Tanto que uma falsa verdade elaborada por nós, até concordarmos com o seu desmentido, coloca todas as outras ideias de lado, todas as verdades em cheque. E no entanto, por um instante ou uma vida, foi tudo o que era certo, sem ter lógica.
A realidade é, a partir deste ponto, subjectiva. Porque todas as descobertas, todas as construções do real partem de cada qual, e cada qual possui a sua. A realidade não é, então real. Porque para o ser, teria de ser universal. Para ser universal todos teriamos de partilhar uma vida do princípio ao fim.
É possível conciliar tudo através de convenções, e até formar pressupostos que possam ser transmitidos a todos, culturalizar conhecimento desde tenra idade, antes que tomem consciência de que é possível apreender acontecimentos de maneira diferente e construir uma realidade que seja diferente da norma, necessáriamente seria errada. Pois temos de viver em grupo e temos de pensar de igual e a realidade tem de ser só uma, senão só resta concordar que cada um de nós é um indivíduo. E um indivíduo por si só é solitário.
Mas a humanidade é um. E um é a humanidade também.
Antes não pensar que ficar só.
Os doentes mentais constroem-na para além do domínio social, porque não são influenciados por ela graças a incapacidades de percepção de estímulos sociais. A esta liberdade chamamos loucura. Certo é que a fisiologia impede um correcto desenvolvimento, mas loucura? Incapacidade? Não seguir a manada? Errado?

Pensar doi realmente.

E certezas de que vejo o que vejo? Que sinto o que sinto? Que tudo existe para além dos sentidos?

sábado, novembro 13, 2004

Crime e Culturalidade 

Quando um animal comete um acto criminoso, sendo o violento o mais grave e recorrente, não lhe é atribuido julgamento, passando a sentença quase sempre pelo abate. Mas ao mesmo tempo reconhece-se que o animal não pode ser responsável pelo seu próprio comportamento porque aliada à sua incapacidade de raciocinar está ausente a culpabilizante consciência das regras da vida em sociedades humanas. No entanto não parece digno de tentar a reformação do dito, porque o seu instinto, crê-se está para além de qualquer punição correctiva. Assim sendo, a morte corrige o ofensor.
Já no caso dos doentes mentais que cometem um crime, é-lhes reconhecida a incapacidade de ajuizar o bem e o mal como regra ou numa dada situação, o que os absolve de qualquer ofensa ao código civil, já que a sua deficiência os impede de agir de acordo. A não consciência do crime, torna-os incapazes de serem julgados. Porque não entendem as normas, porque não podem ou conseguem cumpri-las.
No entanto, sendo uma pessoa controladora de todas as suas faculdades, e cometendo um crime numa cultura diferente, um acto que na sua seria talvez aceitável ou susceptível de consideração atenuadora, o previlégio da educação é substituído pela punição e não compreensão que o não entendimento de regras que não conhece, não lhes devem ser imputadas. Seria ridículo punir se o ofensor não soubesse pelo que estava a ser punido. Se não compreende.
O misturar de culturas fomenta estes desentendimentos. Mas a lei não concebe que alguém não saiba ou não a compreenda. Pelo que, em situação igual de ignorância, tal e qual o animal ou o menos capaz, o homem de outra cultura é punido por o ser.
Mas não é lógico que a não consciência do acto malicioso, devesse ser motivo suficiente para que a punição fosse levantada?

quarta-feira, novembro 03, 2004

Calma.. 

A perda de fé nos outros é apenas uma maneira de negarmos a nossa necessidade de interagir. Se tudo se comporta como loucos e até se repara que "ultimamente" toda a gente anda nervosa. Que é da recessão. Que a culpa é do governo. TRETAS! Pese o facto da economia condicionar o mundo social, os modos continuam básicamente os mesmos, havendo lugar a uma adaptação histórica que faça a transição entre os insultos do outrora e os contemporâneos. Não é o mundo que está mais violento, o mundo nunca teve que lidar com o mundo todo quase de uma vez, somos muitos num espaço pequeno, não há animal que lide bem com isto. Somos desconfiados e paranoides. Mas os mesmos em essência. Só o fundo mudou.
Muito drogados? E os anos 60? E quando Freud consumia e dava a consumir aos seus doentes? Mania de sobrevalorizar o passado.. que medo intenso do futuro.
Muita guerra? E os tempos de roma?
Muita violência? E o colonialismo?
Haja calma!
O que há demais agora é informação. Somos obsecados, paranoides que somos, por saber tudo o que se passa à nossa volta. Pequena-grande ilusão de controle e segurança.
O que vamos tendo é poder de escolher diferente.. escolher acreditar que não temos de acreditar. Que o mundo deve ser como o vemos, não como nos é descrito. Experienciar, não acreditar, saber.

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