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sábado, abril 10, 2004

Teoria da Amizade Pura - Parte 1 

A simpatia e a compreensão sempre me pareceram os critérios indispensáveis para as tais amizades que ficam sempre como referência e base de comparação para as que as seguem, quer sejam perdidas pelo caminho ou não.
Mas nunca vi uma amizade crescer do nada tão rápido, como quando um segredo é partilhado.
Não é que, pela altura a que chegamos a velhos, tenhamos ainda um grande lote de segredos por contar. Vamos abrindo mão deles sem dar por isso e a dada altura, todas as pessoas com que nos cruzamos juntas sabem mais de nós que aquilo que nos lembramos.
Vão sendo arrancados de nós e tanto melhor...
Sendo ter segredos qualquer coisa de universal, todos sabemos o quanto hesitamos antes de conseguirmos confiar em alguém recente com um dos nossos fardos. É qualquer coisa que demora o seu tempo e aprendemos a respeitar isso nas outras pessoas, não exigindo muito num primeiro contacto. Há coisas que não se perguntam a uma pessoa desconhecida... Porque não?
A revelação chegou inesperadamente, na forma dessa mesma pergunta, como em conversas com crianças em que a resposta à nossa resposta é sempre a mesma questão "Porquê?".
Porque não confiar segredos a pessoas? Porque não imediatamente? Que vida excepcional vivo eu que vivida em sociedade, não possa com ela discutir as suas vicissitudes?
Concerteza que situações há de que não nos orgulhamos da nossa conduta... mas julgamo-nos tão únicos assim que mais ninguém à nossa volta cometa erros semelhantes ou ainda mais terríveis?
Conscientes de todas estas reticências... como reagiriamos a alguém que não filtrasse a sua vida em conversa connosco? Como encarar uma pessoa honesta ao ponto de confiar os seus segredos a nós, a quem mal conhece? Idiotas seriamos se os levassemos a mal... mal empregues os seus confins a mim que nunca errei, que nunca escondi, que nunca senti em erro... que nunca tive senão esta cara perante todos.
A honestidade desarma e desarmará, quebra as defesas pelo facto de defesas não serem necessárias num ambiente não hostil, de partilha e cumplicidade.
É impossível gostar de toda a gente. Poderemos escolher partilhar ou não confidências com essas pessoas, sem medo que as joguem contra nós directamente ou através de terceiros, pensando bem... quem verá estas pessoas com bons olhos, se atentam contra alguém humilde o suficiente para baixar as suas defesas secretas?
"Se queres julgar o carácter de alguém, dá-lhe poder" não me recordo quem o disse, mas aplica-se na perfeição. Se a nossa confiança fôr traída... escusamos de perder mais tempo com essa pessoa, porque não nos identificamos com ela, nem ela se quererá dar connosco. Há que saber quando meter de lado. Se a nossa confiança fôr bem recebida, receberemos em igual medida a da outra pessoa. Senão... ver acima.


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