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sexta-feira, abril 30, 2004

Verdade e Amor 

Começo desde logo por dizer que não gramo com canções amaricadas de amor eterno, isso é bom para os putos e para os velhotes. Sejamos realistas, SEMPRE!
Se o amor é a vontade de estar constantemente com a outra pessoa, pensar nela a toda altura, falar dela a todos que o ouçam, então amor é obcessão.
Se o amor é ciúme, desejo incontrolável pelo toque dessa pessoa, tocar-lhe, beijá-la, gerar descendência, ir com ela comprar roupa nova, então amor é libido.
Se o amor é querer ser o único de volta dela, é querer saber onde ela está, com quem anda, de que falam as amigas, o que pensam os pais, provas constantes de afecto, então amor é uma prisão.
Que é afinal o amor?
É tudo acima.
Se o amor é tudo, que dificuldade há em definir o amor? É o passar ao lado do evidente pouco romântico que o amor é tudo aquilo que não devia ser? Mas o facto é que o amor é realmente feito de expressões daquelas e não há como o embelezar. Deixemo-nos de floreados! Somente aquilo que não é belo precisa que o enfeitem. E o consenso é que o amor é realmente qualquer coisa de espantoso, enquanto dura... quando existe realmente...
Limpe-se o quadro e aceitem-se as evidências.
O amor é a mentira mais doce já contada. Como o pai natal ou o coelhinho de páscoa. Mas deve-se-lhe menos crédito por isso? E se fôr uma mentira? É menos belo por isso?
O amor não é também fé inabalável no próximo?
Que maior acto de fé existe que saltar para um buraco de olhos bem abertos?
Aceitemos o amor como é. Alegremo-nos por o poder ver sem fechar os olhos.
Realismo acima de tudo... ele vale por si.

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