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segunda-feira, maio 17, 2004

A Morte da Moda 

A histeria em massa fez-me descer mais um degrau na minha humanidade.
Ao ver o espectáculo público que foi ver Fehér caír moribundo no relvado, senti o choque que todos sentiram. Ao saber que Rui Baião tivera ataques cardíacos e estava em coma também tive pena do rapaz, apenas 18 anos afinal.
As mortes são quase sempre trágicas.
Mas porque raio devo eu ter pena da morte de pessoas que não conheço?
Que razão têm as pessoas que vejo chorar no funeral de jogadores, que enquanto pessoas, nunca foram conhecidos pelas suas carpideiras?
Que têm as figuras públicas a mais que mereçam ser choradas? Estamos tão convencidos que nos pertencem de facto e que as conhecemos como a alguns do nossos mais "choráveis" familiares?
Na ânsia pela familiarização, pela socialização, parece que nos convencemos a sofrer a dor de pessoas que nos convencemos conhecer. Já com o Carlos Cruz (de principio) toda a gente metia as mãos no fogo que aquele que conheciam à tanto tempo não se metia nisso, mas porque raio achamos nós que conhecemos toda a gente em que metemos os olhos??
Porque hei-de eu chorar por quem nunca conheci?!
Mais asqueroso ainda é a culpabilização generalizada a todos aqueles que simplificam a morte das figuras públicas a simples "e depois?". Não temos coração, somos insensíveis, ingratos...! Mas que conversas tive eu com os que morreram? Que laços estabeleci? Não tenho mais vida em comum com eles que com um pobre coitado que tenha sido abatido por uma bala perdida na faixa de gaza ou um outro que se tenha engasgado num osso de galinha. Não os conheço, não sinto nada por eles!
Porque devo eu ser criticado por ser realista??
Se fosse a seguir o mesmo padrão de comportamento com alguma seriedade, nunca deixava de chorar, porque há sempre pessoas por quem chorar!
Chorar pelas crianças a morrer de fome e de doenças banais entre nós? Não!! Vamos chorar por quem não conhecemos mas tá na TVI ou SIC ou RTP ou rai' que ta parta!
Não é o acrescer do sentimento pela morte é a banalização a uma escala mundial.
De olhos fechados muy pouco se vê.

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