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domingo, agosto 29, 2004

Caminhos 

A necessidade de integração num grupo é o mote para que algumas espécies de animais, 10 minutos depois de nascerem, se queiram levantar sob pena da morte que os alcançaria caso ficassem para trás.
Esta integração nasce no seio da família, prmeira acolhedora do ser humano no mundo, a primeira impressão da hostilidade e amor que o ambiente proporciona. À medida do tempo, as relações vão evoluindo, e a necessidade de pertença vira para outro grupo com o qual se identifique e respeite. Mas para ser aceite, é preciso que também ele seja respeitado como um igual, e dele se pede um conjunto de provas que mudam o indivíduo, que o moldam à imagem do grupo que pretende adoptar. A importância é tal, que a mudança pode ser de tal ordem, que a anterior identidade seja quase supressa para que a nova surja, e quem conhecia, agora o estranhará, o colocará em causa, o afastará do seu próprio grupo graças à sua diferença, e mais o aproximará do novo circulo.
Quanto aos que ficam sózinhos, um novo grupo formarão, consistindo de si próprio, do seu mundo e suas regras, para que, longe de todos os outros, a sua ordem presida sobre o resto. O resto que o renegou, por ele é rebaixado, para que a dor da não pertença contrabalance com a raiva de não querer pertencer.
A febril necessidade de nos rever aos olhos de outros que respeitamos cataliza em nós a mudança e a evolução, numa altura em que não sabemos quem somos ou sequer o que queremos ser, é possível caír em lugares-comuns para os quais não teriamos inclinação, mas que as circunstâncias trataram de ditar.

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