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sexta-feira, agosto 20, 2004

Por Tudo o que Mudou 

As revelações dos episódios que se passaram e que não se passaram com as crianças da Casa Pia, tiveram consequências para além do caso e para além dos acusados e dos ofendidos. Desde que pedofilia deixou de significar amor pelas crianças e passou a luxúria por crianças, que as atitudes de qualquer pessoa que se aproxime de uma criança são subtilmente observadas e catalogadas de próprias ou abusivas. Se um homem dos seus 50 anos sorri para uma criança, é motivo de desconfiança, se dá a palmadinha que todos levam quando são crianças, então cruzes, chamem alguém para os separar.
Não há dúvida que os casos não podiam continuar obscurecidos, não é para aí que dirijo a minha crítica, é para a facilidade da generalização de um caso à vida do dia-a-dia por força do medo e do instinto protector das crianças que toda a gente exibe.
O caso do Michael Jackson é claro quanto a isto. Desconfiados que somos dos caprichos dos podres de ricos e de alguém que trai a sua raça fazendo-se branco, quando surge a alegação de que poderá ter abusado de crianças, a resposta é "claro, tinha de ser"! Como se esperassemos que as pessoas de quem desconfiamos fossem de facto culpadas de algo horrível. Sem provas os acusamos. Sem questionar os motivos da denúncia. Sem questionar a sua veracidade. Queremos apenas que afastem quem quer que seja acusado. Queremos que o medo tenha uma cara. Queremos que tudo acabe... e ao mesmo tempo não é nada disso que queremos. Queremos um alvo. Uma direcção para o nosso receio e a nossa frustração perante um acto que não pudemos evitar.
Há inocência no mundo. Os pedófilos tiraram parte da das crianças. Deixemo-nos com a nossa.

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