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domingo, janeiro 15, 2006

Bichos 

Dada a avançada idade industrial, os adolescentes que antes eram lançados para o matrimónio e para a terra são hoje lançados para os estudos e para sonhos herdados.
Em cada ambiente, o ser humano está desenhado para se deprimir. Isto activa a ambição dentro de cada pessoa para sobreviver e se adaptar, tomar novas formas, educar-se, progredir. Mas dentro de cada um desses meios está um factor comum: o medo da solidão.
O homem é de facto uma ilha, quanto a mim, pois embora se relacione com outras, é de sua escolha abrir ou não o canal à comunicação e mais importante talvez, ter alguém do outro lado quando precisa. E esse alguém nem sempre comunicará connosco.
Porquê?
Porque somos chatos. Sim, uns mais que outros. Mas todos somos.
Como lidar com uma pessoa que deseja duas coisas contrárias? Varia entre as duas constantemente, apesar das nossas insistências. Por um lado quero abrir-me, por outro quero salvaguardar-me e ter segredos.
Só mesmo porque nos identificamos com esta característica irritante é que conseguimos lidar uns com os outros, visto assim, manter uma relação gasta ainda mais energia.
Regrido aos tempos de adolescentes, em particular ao final de cada período onde a estratégia de estudo é julgada friamente por números do domínio público.
É feito um compromisso entre os que exigem e os que devem cumprir, que culmina aqui na estatística, que resume centenas de factores em sim ou não às expectativas de um e de outro lado do espectro (pais e filhos). Se não... há um colocar em causa das capacidade intelectuais, que é o bode espiatório de algo mais grave como a incapacidade de organizar o estudo e ter um método de estudo, disciplina esta que não é ensinada na escola, curiosamente. E neste caso, sentem os filhos que falharam o seu acordo, mostrando-o de diversas maneiras e são repreendidos pelos pais e pelo super-ego (representante na sua ausência), é neste momento que o indivíduo se vira sobre si e a não ser que desenvolva múltiplas personalidades, descobre que lidar com uma pessoa 24 horas de cada dia que ainda por cima não compreende é pior do que lidar com um pai que vê o seu sonho de redenção esfumar-se. Sente-se sozinho.
Quer partilhar. Mas não quer dar parte de fraco. Mas quer que o compreendam. Mas quer compreender primeiro. Mas quer conhecer-se para poder comparar. Mas não se quer descobrir porque não é perfeito. Mas tem de se relacionar. Mas não se quer magoar.
Não é todo o adolescente que compreende o futuro, o seu presente toma-lhe demasiado tempo. Demasiado tempo desperdiçado numa teorização do que será isto do "si". Demasiada pressa para descobrir, quando é uma actividade que demora uma vida inteira. E ainda assim é feita de compromissos e conformismo. Por isso é que acalmamos... conformamo-nos a esperar por pistas e dicas para os nossos mistérios e com um pouco de sorte compreender desta maneira todo o resto. Interpretá-los melhor. Aproxima-los de nós para que estejamos cada vez menos sozinhos. Porque quando ficamos sozinhos...

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