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domingo, janeiro 08, 2006

Isto tá cada vez pior 

Vários anos depois de me ter apercebido dos porquês para as queixas da população portuguesa, deveria ter chegado à conclusão de que a vida, nunca tendo sido fácil, está numa rota exponencial que parece ir a terminar numa explosão. É ciclico sugeriu-me o Pedro, o homem das relações de poder, que todo o movimento social é dinâmico, instável e se movimenta numa espiral para o centro, onde tudo termina para depois retomar uma posição tão-distante do centro quanto a potência dessa explosão. Destinado a explodir de novo. Um big bang reciclável. Quase todos os pedaços de civilização se desagregam.
Parecia tender para aí.
Talvez esteja a ser lenta demais para mim, mas começo a pensar numa alternativa.
O pessimismo, relativo à condição económica, ao suposto declíneo (em oposição ao termo evolução) das culturas, dos costumes, das relações sociais, é diferente de outros que conduziam agarrando brutalmente o pulso social para uma revolução. Não interessa se tinha pés nem cabeça, se considerava o periodo pós-revolucionário, bla bla bla. Interessa sim que não parecemos aproximar-nos do centro da espiral. Parece que a espiral foi dobrada num aro, e que realmente andamos às voltas. Resultado temos na constante insatisfação (velho conhecido) mas na forma de uma inércia que tresanda a conformismo.
A insatisfação social critica o poderio dos desaventurados sobre os pobres, mas fomenta-o, porque na realidade não é de interesse de nenhuma das partes que as coisas mudem. E eu culpo a esperança. Eu culpo o derrotismo. Eu culpo o dia-a-dia e a televisão por tornar a miséria um lugar comum e não combustível para uma revolução, eu culpo as novelas que depictam a sociedade portuguesa e brasileira como média-alta e alta quando andamos todos de tanga (no mau sentido). Porque tudo nos dá esperança... e nos vai adormecendo, rapidamente, resmungantes mas parados. Morbidamente serenos. E... confiantes... raios parta... confiantes de que apostar no euro-milhões há-de dar resultado... de que qualquer dia nos acontece qualquer coisa boa. Senão teriamos de nos revoltar ou dar um tiro na cabeça. E tudo isto dá trabalho. E tudo isto seria a derrota do civismo, esse mesmo que nos derrota e coloca no lugar enquanto nos delicia com cheiros, fotografias e sonhos de fortuna.
Esperança é perigosa quando nos relaxa.
Se não tão para se mexer, calem-se!

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