Meditações de Fim de Mundo

O namoro entre a população e o corpo de bombeiros está em cacos...
Quando o tempo quente apareceu parecia que a coisa se havia de encaminhar depois de um inverno frio e chuvoso, que no entanto não foi chuvoso o suficiente para trazer cheias que levassem bombeiros para a rua em número significativo para que se refizesse o amor que foi. Lembro os dois últimos verões em que todo o Portugal gritava em unissono que os bombeiros eram heróis estoicos que lutavam e morriam por nós.
O tempo frio e o fim dos incêndios fez-nos esquecer o sentimento... deixaram os bombeiros de ser úteis. Sim, não neguem. Utilidade neste amor.
E este ano...
Os fogos vinham por aí acima e foram travados. Ainda hoje o frio os afasta de nós.
Vou-me fartar de rir com a explosão de sentimento cínico pelos soldados da paz quando o tempo ficar mais quente e os fogos voltarem para consumir as matas que ninguém quis e de que depois do facto toda a gente fica a sentir falta. Mímica de sentimento. Amor devido com retroactivos. De duração determinada. Ditado pelas estações e pela temperatura.
Os bombeiros salvam o que ninguém tentou salvar, tenha-se respeito.