Meditações de Fim de Mundo

Amanhã é a greve do metro.
Espectáculo.
Uma greve provocada pela entidade patronal para aliviar a pressão da massa de trabalhadores insatisfeito, programada para demonstrar a democracia de um sistema, vem fazer troça do direito à greve dos portugueses.
Passo a explicar.
Porquê fazer greve no último dia do mês?
Já nem quero falar da proximidade da greve à véspera de um feriado, como tantas outras foram marcadas para uma sexta-feira, retirando credibilidade ao acto, fazendo-o parecer um estratagema de gente perguiçosa ao invés de gente desencantada ao ver os seus direitos retirados.
No último dia do mês, já toda a gente que vai comprar passe, o comprou.
Se tivesse sido marcada para dia 2 de Novembro, ainda apanharia a gente que ia comprar o passe mas que ainda não o fez, gastando então dinheiro no bilhete, entrando este nos bolsos da entidade gerente do metro.
Não há tanto dinheiro a perder num último dia do mês.
É por isto que a greve é inútil amanhã. Inútil em virtude da sua data.
Programada pelo patronato para que os trabalhadores exercessem o seu direito à greve, ao mesmo tempo que viravam o zé povinho contra esses mesmos trabalhadores, que são responsabilizados por mais uma manhã a viver de transportes alternativos.
Greves assim são chutos na boca dos combatentes da democracia em Portugal.