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domingo, março 04, 2007

O Passado que por lá Vai 

Em Santa Comba Dão, berço de salazar viveu ontem 4 horas de um impasse que parecia prometer violência quando apoiantes fascistas e opositores anti-fascistas se reuniram em torno da possibilidade da construção de um museu em honra do antigo ditador.
Aliás, é importante aqui dizer que não se pode falar em "antigos" ditadores uma vez que as vidas que eles destruiram quando em poder não podem ser chamadas "antigas" vidas porque tudo o que foi comprometido, nunca voltará e nunca mudará, nunca será portanto "antigo", esta palavra indicando passado nunca poderá ser ligada a um acontecimento que é um constante presente na vida de milhares de pessoas tocadas pelo regime, às quais incluo também os que foram favorecidos por ele e ainda hoje gozam dos previlégios deixados.
De qualquer maneira, tudo foi precipitado pela nomeação de salazar para os 10 portugueses de maior destaque da história portuguesa, que traz de volta o que foi uma revolução coxa, uma vez que o derrotado não foi um ditador responsável, mas o seu substituto. A vitória soube, ainda assim, a pouco, já que o verdadeiro triunfo democrático acabaria com a prisão de salazar, que morreu como viveu, de maneira parva
Quanto aos derrotados, tal como apoiantes de um clube cujas estrelas estavam todas lesionadas, ao não ser deposto salazar, este subiu de estatuto e foi cristalizado como salvador e D.Sebastião, que, não tivesse desaparecido, ainda hoje debaixo do seu pé viveriamos todos, felizes da vida, isolados do mundo, convenientemente amordaçados.
A ausência de um luto impossibilitou-lhes um trabalho depressivo que permitisse analisar todos os pontos que fizeram o homem, certamente os permitiria conseguir olhar para os maus e reconhece-los como terríveis, ao invés de necessários e em nome de uma pátria que não pedia sangue de traidores, mas diálogo e liberdade. São e sempre foram os medrosos, receosos da civilização e da vida em conjunto que se recostaram em ditadores, autênticos pais, que metessem todos os irmãos a viverem na ausência de conflito, idealizando-os, fechando os olhos a que essa disciplina passasse pelo cinto e pela morte. Só não querem é ter medo. Querem ser eles a viver.

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