Meditações de Fim de Mundo

Esta é uma notícia do jornal da Bola, que, embora ande com a cabeça noutros lados, tenho de comentar no panorama nacional.
"Câmara de Lisboa inaugura rua com nome de jovem electrocutado em 1997

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) inaugura, esta terça-feira, uma rua com o nome de Ruben Cunha, em Telheiras, treze anos depois de o jovem ter sido electrocutado por um semáforo. A via situa-se junto à Rua Professor Simões Raposo e próxima do Colégio Planalto, local onde estudava com o irmão gémeo, avança o “Jornal de Notícias”.

Ruben Cunha foi electrocutado por um semáforo, em Junho de 1997, provocando-lhe lesões cerebrais graves e uma paragem cardio-respiratória, deixando-o em coma. Três dias depois, o jovem de 14 anos faleceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Os pais receberam uma indemnização de mais de 200 mil euros dada a culpa da CML e da empresa responsável pelos semáforos, dinheiro com o qual montaram uma galeria de arte em memória de Ruben e uma associação de apoio a crianças vítimas de acidentes."

Dar o nome de uma rua a um rapaz que teve a péssima sorte de ser electrocutado, é de péssimo gosto. E percebo como é que isto pode ser de mau gosto da minha parte. De facto não conhecia o rapaz de lado nenhum e a sua morte incomoda-me tanto quanto a morte de um rapaz num país que não consiga pronunciar. E a sua nomeação para o nome de uma rua não passa de um descargo de consciência da CML, que para além de ter tido de arrotar com 200 mil euros de indemnização (uma pechincha) tenta assim a expiação pela sua incompetência enquanto continua a proceder com a mesma fé na boa sorte que custou a vida ao rapaz, que, por amor de Deus, não merecia uma rua com o seu nome.

De certeza que temos cidadãos na nossa história que, embora não tenham morrido por culpa da CML, foram pessoas de interesse nacional, que mereciam mais ter o seu nome numa rua em Lisboa. Quanto mais não fosse substituindo nomes como "Rua 1", "Rua 2" ou "Rua 3", e não estou sequer a brincar, procurem isso, existem mesmo.