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segunda-feira, junho 28, 2004

Programa e Vida Real 

Proporcional o afastamento das pessoas umas das outras e a crescente curiosidade acerca das múltiplas vidas que se vivem.
Por um lado não queremos saber, por outro procuramos descobrir.
A imposição de viver em sociedade, a de conhecer os restantes membros leva a que nunca se proceda a um afastamento completo, tratando apenas de tornar menos evidente e mais furtivo esse interesse pelo próximo.
As telenovelas, os filmes, as séries, etc, satisfazem parte da necessidade que temos de nos dar com os outros. Enquanto acompanhamos os programas, fazemos parte daquele quadro, estamos lá com os personagens, vivemos o seu drama, indignamo-nos, ponderamos opções. É um meio fictício de confraternização que desvaloriza o contacto real. O tempo que se gasta a viver esses papéis, bem se podia gastar a abordar uma pessoa na rua e iniciar uma conversa. A vida real, ao que parece, é uma experiência demasiado vívida para interessar o cidadão comum, especialmente considerando a alternativa pouco comprometedora de adoptar o papel de voyeur da vida de quem podia ser nosso vizinho. Sem telefonemas inoportunos, sem dramas que não se desliguem com a televisão, sempre a altura certa, sempre a medida certa.
O encerramento em cada um de nós não apaga a herança social, a necessidade de relação. Pelo que os actores se tornam pessoas reais e os vizinhos, figuras irreais.
Em vez de uma série de aventura, abrir a porta e viver uma.
Sem controlo. Real. Necessária.


sexta-feira, junho 25, 2004

Jornalismo e Podridão 

Jornalismo tal o entendo é o distribuir informação de maneira ISENTA sem que pela notícia se saiba mais sobre a personalidade da pessoa que nos trasmite a realidade pura e não adulterada do que de facto se passou onde não estivemos.
O que vemos agora são jornalistas a adoptar uma posição mais perto do povo, reagindo com a sua opinião a notícias que surgem, mostrando o seu agastar, fazendo comentários irónicos, chorar que os polícias não os deixam fazer o seu trabalho.
POR ALGUM MOTIVO NÃO PODEM ENTREVISTAR ARGUIDOS SEUS ASNOS!!
Isto não é jornalismo são crónicas misturadas com mexericos, assegurando que no final do jornal pensamos não sobre o que aconteceu, mas sobre o que o "isento" jornalista pensa sobre o que aconteceu. Nega-se aqui e desde logo a nossa liberdade de pensar por nós próprios.
Depois temos os jornais nacionais dos países no EURO a conspirar contra as selecções suas opositoras para destabilizar as equipas com comentários e acusações COBARDES!
Temos os media americanos a fechar os olhos aos abusos israelitas, quando toda a gente sabe que o fazem porque os seus proprietários são de ascendência israelita e a política norte-americana não se pode dar ao luxo de perder aquele aliado. A isto se chama jornalismo tendencioso e selectivo, a isto NÃO se chama jornalismo, chama-se propaganda.
Isto sem entrar nas mentiras e faltas de aquidade que são publicadas para criar escândalo de maneira a vender jornais. Claro que podem ser processados. Mas a publicidade e a tiragem daquele dia, o seu valor monetário ultrapassa em muito qualquer processo judicial. Sem esquecer que futuras notícias não podem ser censuradas para protecção das liberdades de cada qual de se defender com a verdade perante os vampiros "jornalisticos".
Deixaram de bastar as notícias e a verdade...


quarta-feira, junho 09, 2004

A Queda 

Aparentemente opostos, catolicismo e satanismo têm bastantes pontos em que se encontram.
E mais que isso, a coexistência faz cada vez mais sentido à luz da razão.
Um homem que negue Deus, torna-se ele próprio um Deus. O seu mundo, as suas regras.
Por muito que pense, afastando-se do pecado, a acção só é determinada segundos antes da sua concretização, ou seja, por muito que nos tentemos convencer que devemos proceder de uma determinada maneira, é na altura que decidimos se vamos seguir a ideia inicial, ou precisamente o contrário. Essa habilidade de escolher faz-nos Deus nessa instância, sem no entanto, deixar de crer e seguir um outro Deus. O Deus.
É isso que nos faz o pecado que cometemos, faz-nos Deuses. Com controlo sobre as nossas escolhas, desafiando o próprio desígnio divino, substituindo-o quando tiramos uma vida, decidimos um rumo.
Terá sido essa a traição do anjo caído. Ao querer ele próprio ter liberdade de escolha, afirmou-se um Deus, uma outra via. Uma escolha.
A finalidade de nos privar religiosamente dessa escolha, parece-me, era a de impedir que toda a terra fosse um campo de Deuses, cada qual a puxar o mundo para seu lado, impedindo uma existência pacífica.
Mas não é, salvo exclusão de puro bom senso, necessáriamente verdade que o homem não possa ser Deus e ainda assim admitir a existência de uma essência superior a si. Quer a ache digna de adoração ou não é uma escolha que não deve ser feita por ele, ou censurada de uma ou outra maneira.
Se satanismo é então a escolha de desafiar ou não a vontade de Deus, então todos somos diabólicos!
O próprio Deus sabia-lo e perdoava-o! Mais uma razão para não fugirmos de satanás como se lhe quisessemos ser diferentes, o repudiassemos, já que essa seria mais uma das fugas à nossa responsabilidade enquanto seres de escolha.
Até obedecer é uma escolha.
Para a religião ser pura, teriamos de nascer a acreditar e acordar todos os dias com Deus a sorrir para nós.
Mas o escolher Deus, com uma alternativa por onde escolher, não é mais louvável que uma religião cega?

Culpas Divididas 

A pena de morte é ao mesmo tempo a censura e a celebração do espírito assassino do homem.
Se por um lado pune todos quanto cedam à concretização do maior dos crimes, tirando a vida a outro ser humano, por outro pune-a com pecado semelhante, negando a pronto responsabilidade moral pela retribuição já que o carácter do outro justificava a sua morte.
Mas se eu souber de um assassino e lhe tomar a vida, sou eu, sózinho, assassino. Sou eu o abominável. O que não merece viver na sociedade ou fora.
O que não parece entrar na consideração da pena a que condenamos esses indivíduos, é que todos nós somos animais assassinos dadas as circunstâncias certas. Podemos raciocinar, é claro, mas solemente até um ponto em que as emoções e o ímpeto nos jogam para a violência à qual não queremos escapar. E matamos.
Sempre foi assim. Negá-lo é negar a origem animal de todos nós. Quando ameaçados, quando encurralados mataremos sem dúvida, e ao fazê-lo, somos censurados.
A pena de morte é então uma punição ao homem por não ser racional a todo o tempo e por não ter controlo sobre os seus repentes violentos... simplesmente, por se ser humano. Não punimos o homem, punimos a falha.
A falha de todos. A que todos, gente boa e honesta, má e trapaceira, estamos sujeitos. O homem é potência do bem e do mal, e não deve ser punido por ser emocional.
Mas e então?...
Libertar os assassinos não parece correcto! Mas e os que cá estão fora? Não somos todos assassinos à espera de uma circunstância?
Separar os casos dos crimes "justificáveis" e os atrozes, libertando os primeiros e executando os segundos não esconde o facto de que sempre que saímos à rua estamos sujeitos a ser objecto de um crime violento, e mais perturbador ainda... cometê-lo nós próprios. Basta pensar na reacção ao assassinato de um familiar, pessoa próxima, de facto UM PERFEITO ESTRANHO pode ser desculpa suficiente para nos lançarmos de maneira
impensávelmente terrível sobre o assaltante.
Dentro e fora da cadeia somos seres de circunstância.
Se não se concebe a libertação de assassinos consumados, não lavemos as mãos no seu sangue, como se fossemos diferentes. Como se condenar à morte, não fosse também assassínio. Se desejamos o seu sofrimento, não o terminemos pois então?
Que pressa de apagar problemas!... De limpar a consciência com outro olho, outro dente.

Noções pré-feitas 

A verdade que consideramos provém de experiências próprias e de outros. Partimos do princípio que aquilo que nos ensinam e aquilo que observamos é a realidade sem dúvida e a base do mundo.
Desses factos retiramos pré-conceitos, que são maneiras facilitadas de encarar situações e lhes dar uma solução que à priori será a melhor. Podemos dizer que esses pré-conceitos moldam a personalidade de um indivíduo, tornam-no a pessoa que é, por influenciarem de maneira tão premente o modo de agir.
Os pré-conceitos, apesar de olhados como verdades, podem de facto ser enganadores, na medida que é possível que nem aquilo que pensamos que aconteceu, aconteceu realmente e quanto àquilo que outros nos dizem ser ou ter acontecido... pior ainda.
Pré-conceito que o vidro corta e dói. Pré-conceito que o cigarro é bom e acalma. E pré-conceito que os estrangeiros são bestas e roubam... ah pois!
Racismos e nacionalismos são pré-conceitos, que como todos, pegam num caso e generalizam para uma melhor digestão dos acontecimentos futuros, de maneira a evitar situações desconfortáveis. O Manel Preto ficou com o meu emprego? Todos os Manéis Pretos roubam empregos. O Manelito Preto disse asneiras, ameaçou, roubou, espancou, ajudou... ajudou?? Errr... anomalia.
Creio que quando chamados à razão, nenhum destes homens poderá dizer que TODOS os estrangeiros em Portugal são tudo aquilo que detestam, há excepções, concordam.
Mas que posição levamos todos à partida para o contacto com uma minoria de que estamos desconfiados? Esperança?
Muitas vezes nem uma oportunidade é dada aos estrangeiros. A isto se chama alienação, separatismo, combustível para a insatisfação, para a perda de respeito mútua. Eles não gostam de nós, nós também não gostamos deles!
Os pré-conceitos em vez de se fiarem em realidades simples e puras, passam a basear-se noutros pré-conceitos falhados e quando o gesto puro de desilusão ocorre... é uma anomalia. Não a verdade afinal de contas... sim uma excepção.
Temos medo.
Animais com medo não pensam.
Como podemos nós então confiar em pré-conceitos assentes num medo que não é certo?
Mais vale prevenir... e perpetuar. É fácil culpar e fugir à culpa. A CULPA É DE TODOS!... das circunstâncias.
Se não puder ser vencida a desconfiança, que se abram anomalias e... se arrisque confiar! Se arrisque ousar pensar bem e não ostracizar. Arriscar a paz e o silêncio que é essa guerra.
Não digamos que não somos racistas! Digamos que como toda a gente partimos para uma interacção com medo mas que estamos dispostos a chamar-lhe uma falha NOSSA e não dos estrangeiros africanos, asiaticos ou o raio dos espanhóis. Eles são, tal como todos.
É tão mais fácil atacar as minorias, que admitir a nossa ignorância e imperfeição.
Sãomos burros, TODOS!

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